1. |
Orum
02:18
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Não te esqueças de ti
e adormeças, enfim
O ventre guarda o que foi semente
(e sempre guardará)
Sei que vais ter com olorum
dentre os tantos seus mais um
Que os céus te deem o que a terra tirou
(e que encontres enfim amor)
Tudo o que era raiva, ficou pra trás
Fez-se calma e se aquietou
Serás mais rico que os reis
Estás mais leve que o ar
(e dormes, enfim)
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2. |
Sentimento Oceânico
05:43
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Nascido da água vermelha
Que mudou a rotina dos tubarões
Banhado na macabra jornada
Das rotas de triste navegação
E se corre em mim
O sangue sujo que fundou as nações
É porque todo dia é dia de nascer
E porque todo dia é dia de não morrer
Abri os olhos pra perceber
que sou feito do frio profundo
Que viver é preciso, e nada mais o é
Que pertenço ao coração do mundo
ao coração do mundo!
Que me importa sempre ser
aquele que tenta escrever
a história pela linha torta
A pele que ousa dizer sua dor
e amanhece no sol da revolta
É porque todo dia é dia de queimar
É porque todo dia é dia de não se apagar
Descobrir-se
é sentir, mesmo sem saber de nada
É ter certeza que eu estava ali
Naquela vida violentada
Nos rastros negros que me afogam nos sonhos
e me enchem os olhos de mágoa
Nos corpos fortes que nunca boiaram
e hoje me fazem ter medo da água
e hoje me fazem ter medo da água
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3. |
Lágrimas Brancas
04:11
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Na frente do cortejo
Eu me lembro
Forte como aço, a mãe preta em pedaços
E tão forte quanto o ódio
Com a sede de ferrolhos
Um instrumento que só faz um som
Do homem de marrom
Lágrimas brancas
Eu quero que corram, eu quero que morram
Eu quero que enfiem a unha
E se fodam
Na frente do espelho
E em teu silêncio
Boca seca, língua rasgada
Pelo ódio e desgraça
E tão certo como o modo
Que a raiva embaça os olhos
Eu queria traçar de rubro tom
Aquele monstro de marrom
Lágrimas brancas
Eu quero que corram, eu quero que morram
Eu quero que enfiem a unha
Lágrimas brancas
Eu quero agora, me levem pra fora,
Que é nas ruas em chamas
Que o dia vem
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4. |
Dela em Mim
04:03
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A luz corta o ar do quarto cedo
E roça seu perfil
A mão cobre o peito e seu silêncio
Protege desse frio
Em você me brota o sentimento
Aquele sonho de paz em par
E se me beija e toca fundo é certo
Que o mundo pode se acabar
E se me olha já não tenho medo
Tal fúria em dois, em um, em nós
E sufoca até o fim
A luz entra no quarto dela cedo
acorda e me diz
Na preta pele o suor traz sede
Me afogo e me diz
Porque é tudo fogo e sentimentos
Aquele sonho de paz febril
se as amarras não servem é certo
É puro sonho se entregar
lá de fora eu nem me lembro
O mundo aqui, em dois, em nós
E me bebe até o fim
E me roça e diz
me afoga e diz
Me devora
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5. |
Da Serra ao Bonfim
04:54
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Da serra ao bonfim
nas marginais
O que me prende aqui
deixei pra trás
Inimigo do fim
Noites totais
E o som que há em mim
pulsa o que satisfaz
Vocês? Descansem em paz
Da serra ao bonfim
Pistas pra decolar
Da serra ao bonfim
e pra qualquer lugar
Me acha logo ali
que já estou por lá
Perdido por querer
Perdido estar
(e o paraíso é encontrado no ar...)
Me acho logo ali
Estragos não sutis
Na porta do matriz
junto das travestis
Automáticos sim
e a lua é a cicatriz
do dia por um triz
mas se tiver swing
e um gingado de fazer cintura fina dançar
Dramas, gramas, camas, chamas
copos, corpos, focos, fogos
Somos tantos, tontos, tortos...
Rendendo os porres
Ninguém socorre
Correndo os corres
com um gingado de fazer Cintura Fina dançar
(Cintura Fina abençoa o rolê! cintura fina abençoa o rolê!)
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6. |
Ao Sul de Zona Alguma
03:49
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Cada um é sua guerra, e assim
Fazem peso nessa terra, enfim
E como é linda a vista da serra, pra mim
Nesse corpo em compasso de espera, pro fim
Alarmado segue em frente, porque sim
Todo corpo é sua terra, enfim
Alarmados nessa serra, porque sim
Sentem o peso da espera, pro fim
E como é triste a vista da guerra, assim
Num compasso lindo que invento, pra mim
E é como estar
ao sul de zona alguma
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7. |
Festa do Corpo Banto
07:14
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Nego, o que nos trouxe aqui
O mal que condena vai se acabar
Nascerá outro tempo
Não mais suportar
tanto ódio
Estandartes do horror
Afundando em águas sujas
Outro tempo haverá
Luzes artificiais
escondem as estrelas
Naufragam as embarcações
luminosas de certezas
Novas constelações
vão reger os mares
O que foi, não mais será
Reinar
em outubros que não vão findar
e dançar...ser, estar
Celebrar
O corpo mais leve que o ar
O corpo mais belo que há!
Adentrar...o lar
Aruanda
e não mais voltar
A casa é a pele
a mãe que pariu o que sou
a história que diz onde estou
Não mais suportar
tanto ódio
Vergonhosos monumentos
queimando lentamente
Não canso de imaginar
Luzes artificiais
escondem as estrelas
naufragam as embarcações
luminosas de certezas
As novas constelações
vão reger os mares
O que foi, não mais será
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8. |
Um Rio
03:40
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Segue o teu destino
Corre para o mar
Segue como um rio, rio
É tão bonito você desaguar
O amor é correnteza
A fluir, te levar sem medo
Ao encontro de tudo que é teu
Um novo enredo
Outra história pra contar
Esse tempo da saudade agora não me comove mais
A espera é sem juízo
Quando nada se anuncia
Quantos planos cabem nessas ruas tão distantes?
Ficar seria desistir
E perder um instante
Fazer novos caminhos
Ensinou quem veio antes
Em uma miragem eu vejo um rio
Em outras margens todo o sentido
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9. |
Etérea
02:57
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Você espera que eu me aborreça
Que eu esqueça, que deixe para trás
Tudo o que importa mais
O meu destino é desatino
Tão incerto, inseguro
Eu sei que ao teu lado estarei só
O mundo não se acabou, mas se entediou
E você vem me dizer
Que aquele sonho agora é jovem demais
Alguns anos se passaram
E você vem me dizer
Que aquele sonho agora é jovem demais
(Mas) nada que você disser vai me desfazer dessa estrada
E dos melhores dias entregues a você
Quando a solidão acena não ser fugaz,
Em cena a solidão me faz entender
Que sigo pra me convencer
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10. |
Lacunas
04:52
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criado em silêncio
onde as lacunas dizem mais
nem um movimento
pra que os remorsos fiquem para trás
passou-se tanto tempo e o ressentimento não passou
e furacão nasce do vento
calmarias escondem tormentas
cadê todo tesouro enterrado no jardim?
cadê o mapa certo desenhado para mim?
e as certezas, que perfumavam todo ar?
e o futuro me esperando, para começar?
o medo é sua voz
sua voz dá nome a nós!
parido em berço de cimento
fodido pelo Criador
amamentado pelo ódio
e educado no rancor
o alvo é alvo e junto?
a arma é preta e só?
o alvo é preto e frágil
a arma é branca e não tem dó
passou-se todo tempo e o lamento só se atualizou
passou-se todo tempo e o invisível é aquele que tem cor
passou-se todo tempo e o agora é igual ao que passou
passou-se nenhum tempo pra esse corpo que ninguém ninou
o medo é sua voz
sua voz dá nome a nós!
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11. |
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Feito fim de filme
o silêncio vem
sem dizer nada
sabendo tudo
Atravesso mudo o dia que passou
na minha quebrada,
meus muitos mundos
Quem diz do que é feito o bem?
Quem sabe o que nos torna bons?
O destino que nos mantém reféns
ou a sorte que nos largou a mão?
E já é madrugada e alado
assustado temo o chão
Quem diz, como se alcança o céu
uma rota pra voar, rumo a outro lugar?
O herói nem sempre usa asas
nem vence as desgraças
que estão dentro de si
O futuro será nosso ou não será o futuro
O futuro será nosso ou não será o futuro
O futuro será nosso ou não será o futuro
O futuro será negro ou não será
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Pelos Belo Horizonte, Brazil
Formada em 1999 a Pelos, originalmente batizada de “Pelos de Cachorro”, nasceu no Aglomerado da Serra, periferia de Belo Horizonte, e tornou-se um dos nomes de destaque do rock na capital mineira, reconhecidamente uma das cenas mais pulsantes do gênero em todo o país. ... more
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